Como assim: “Fobia: quando se tenta evitar o inevitável”? Isso mesmo! Neste texto irei falar a respeito desse paradoxo.
A fobia é um dos transtornos da ansiedade extremada, um dos grandes problemas de saúde no mundo. Esse fator da ansiedade fora dos padrões da normalidade verificada na sociedade moderna é o ponto inicial de diversas enfermidades incapacitantes, como depressão, pânico (SP), suicídio, além da fobia.
Atualmente, notam-se nas estantes das livrarias o grande número de livros e, na internet, os vídeos sobre o tema. Este post apresenta um grande diferencial em relação a essas obras. As informações aqui contidas serão do ponto de vista de um portador tanto de ansiedade extremada, de síndrome do pânico e de fobia.
O que sente quem tem?
Havia muito tempo queria escrever a respeito do que sentia no cérebro ao ser acometido dessa ansiedade.
De acordo com matéria publicada no site SindJustiça (https://bit.ly/3cpyNlg), o Brasil ostenta o posto de país com maior índice de pessoas com transtornos de ansiedade. Há um total de 9,3% dos brasileiros, dos quais 5,8% apresentam quadros de depressão, além de outros casos de fobias gerais. Pesam nesse cenário, dizem os especialistas, fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego, e ambientais, como o estilo de vida em grandes cidades.
Por exemplo, ao marcarmos uma entrevista de emprego ou um encontro amoroso, contamos os dias, os minutos, os segundos. Criamos um roteiro em nossa cabeça detalhando tudo o que devemos fazer e dizer com o objetivo de obter a melhor performance. Em alguns casos, ficamos até sem dormir, tamanha a euforia.
O cérebro e a ansiedade
O que se verifica é o seguinte: esses sinais enviados pelo cérebro citado anteriormente são descargas desconexas de neurotransmissores, tais como adrenalina e noradrenalina. Apesar do desconforto que isso gera, está dentro da normalidade. O problema está quando essa descarga ou desequilíbrio de neurotransmissores ocorre de maneira excessiva. Aí é que começamos a falar de um novo termo “ansiedade”, digamos, a ansiedade mais patológica.
É importante que o leitor consiga entender bem a noção de “ansiedade patológica”. Será com essa nova conotação que o termo doravante terá neste texto.
O diagrama do transtorno da ansiedade
Observem o gráfico abaixo a respeito da relação direta da ansiedade extremada com os demais transtornos.
A ansiedade exacerbada é o fator desencadeante dos quatros transtornos, que podem se desenvolver de forma independente, sem a necessidade intrínseca de estarem relacionados.
Num primeiro momento, surge a primeira consequência da ansiedade extremada no organismo de um indivíduo com vulnerabilidade:
♦ medo (ver diagrama) diante da não existência de um fato, objeto ou cena que corrobore tal sentimento. O cérebro, por algum motivo capta em seus radares os “perigos” diante de determinadas exposições. Este momento é importante a introdução de terapia psicanalítica para analisar as razões. O grau de incômodo ainda fica restrito a reflexões e ainda não se manifesta corporalmente de maneira acentuada.
Ansiedade → fobia, depressão e síndrome do pânico
A seguir, a ansiedade se materializa como fobia (ver diagrama). Nesse caso, o medo torna-se extremo, particular e intolerável diante de um fato, objeto ou circunstância. A característica marcante das fobias é que elas se dão sem um motivo real aparente. Verificam-se incômodos corporais decorrentes dos sentimentos fóbicos, tais como sudorese, taquicardia, pressão craniana, dores musculares.
Nessa etapa não ocorrem obrigatoriamente fobias nem síndrome do pânico.
Outro estágio do transtorno da ansiedade é a eclosão da síndrome do pânico (SP), que pode, invariavelmente, apresentar quadros de fobias e depressão. A respeito dessa relação: ansiedade → fobia → depressão → SP, explico com mais detalhes em meu livro O prisioneiro do vidro: uma narrativa da síndrome do pânico.
Suicídio: um fator ansioso ainda em estudo
Outro aspecto extremamente importante relacionado à ansiedade que intencionalmente não trataremos neste artigo é o suicídio. Não o abordaremos justamente por se tratar de um assunto muito complexo. Infelizmente, ainda com estudos iniciais e sem conclusões, sobre o qual não me sinto à vontade de falar a respeito.
O elemento suicídio não está presente no diagrama da ansiedade apesar, claro, de estar intimamente ligado. Essa decisão foi devido à triste notícia do suicídio do ator Flavio Migliaccio (1934-2020) e os comentários ligeiros a respeito de um assunto tão sério.
Entre os comentários sobre o fato quero destacar dois que me sinto um pouco capacitado em analisá-los. O primeiro seria a respeito da suposta “coragem” do ator em cometer tal ato. É por demais simplista resumir essa ação em coragem ou covardia. Ainda os estudos não encontraram resposta satisfatória e definitiva para explicar o que leva a pessoa a uma decisão tão radical e sem volta.
É evidente que, em uma pessoa capaz de cometer um ato emocional tão drástico, os neurotransmissores (acima mencionados) estão em colapso. A sensação corpórea é de embotamento completo e o mundo exterior não existe. Para si, é importante apenas as sensações do seu corpo e as de “peso” de sua cabeça. Os fatores raciocínio e discernimento apresentam-se prejudicados devido a pressões cerebrais constantes.
Indefinições….
Se a ciência ainda não conseguiu definir com exatidão o que se passa no cérebro de uma pessoa diagnosticada com síndrome do pânico, o que dizer sobre o que se passa no de um suicida?
Outro comentário recorrente na semana do fato do suicídio do artista foi que a sua descrença a respeito da sua sobrevida à velhice teria contribuído e muito para tal decisão. Migliaccio falou sobre isso: “O que esperar de um país que desdenha de seus idosos?”. Mais uma vez, seria um argumento simplista e muito distante da verdade de um depressivo real. A depressão patológica não chega durante um momento de desespero. As estatísticas, quando registram dessa maneira, são quase irrelevantes. A carta que o ator deixara é um indício de que o ato não fora um rompante. Certamente, era uma escolha que lhe vinha passando pela mente há tempos.
Não podemos nos esquecer do papel simbólico que a MORTE ganha diante do sofrimento. Ela é acionada inúmeras vezes com o intuito desesperador de se decretar o FIM daquele padecimento. Assim sendo, não se pode considerar que todos aqueles que rogam pela morte são suicidas em potencial. Estão desejando, isso sim, mudar suas vidas num passe de mágica.
Fobia: um dos casos extremos da ansiedade
A respeito da fobia, é importante diferenciarmos fobia de trauma, pois os dois termos são facilmente confundidos.
As fobias se caracterizam por um medo exacerbado e irracional diante de um objeto ou circunstância, de um animal ou de uma situação que, na realidade, não apresentam risco real.
Já os traumas são experiências por demais marcantes a determinadas situações, tais como ataques de cães, assaltos à mão armada e estupro. O transtorno mental mais frequente decorrente dessa vivência agressiva é o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).
Além dos problemas emocionais que a fobia proporciona, também se verificam sintomas físicos, tais como: a) falta de ar; b) palpitações; c) problemas intestinais; d) tremores nas mãos e nos pés; e) palidez.
Existem teorias que afirmam estarem as fobias associadas a um descontrole do gene responsável pelo transporte de serotonina no cérebro, hormônio responsável por controlar funções do corpo, entre elas o sono e o apetite. Também se sabe que o transtorno tem ligação direta com traumas e situações passadas vividas.
As principais fobias
Entre as principais fobias, podem-se citar: a) claustrofobia (medo de lugares fechados); b) escotofobia (medo de escuro que persiste após a infância); c) hematofobia (medo de sangue, injeções e feridas); d) amaxofobia (medo de dirigir); e) fobia social (medo de pessoas e da exposição); f) claustrofobia (medo de lugares fechados); g) zoofobia (medo de animais); h) agorafobia (medo de espaços abertos e de multidões); i) acrofobia (medo de altura).
Um bom exemplo para conhecer um pouco dos problemas causados pela fobia é o clássico do cinema Vertigo (Um corpo que cai), dirigido e produzido por Alfred Hitchcock, lançado em 1958.
Narra a história de John Scottie (representado pelo ator James Stewart), um ex-policial, que teve de se afastar da polícia por desenvolver acrofobia (medo de altura) devido a um incidente enquanto realizava um trabalho. Torna-se, então, um investigador particular e é contratado por um amigo para que vigie sua esposa. Vale a pena o espectador observar os mal-estares e medos do investigador captados magistralmente pela câmera de Hitchcock. Dá uma ideia de como é sofrido e limitante conviver com essa fobia e como o medo de altura interage no desenvolvimento da drama.
Do medo à fobia
O medo ser natural ninguém duvida. O problema é que o ser humano desde sempre procurou exacerbá-lo.
Em um livro magnífico, História do medo no Ocidente (1300-1800), do historiador francês Jean Delumeau, lançado pela Companhia das Letras (1996), é narrada a trajetória do medo na humanidade e a sua propagação, a relação de sentimentos com objetos concretos como as pestes, por exemplo, e culpas idealizadas, como demônios, e as mulheres, como agentes de satã.
Na introdução do citado livro, no subitem “O medo é natural”, citações vêm de encontro com as palavras contidas neste post:
No entanto, o medo é ambíguo. Inerente à nossa natureza, é uma defesa essencial, uma garantia contra os perigos, um reflexo indispensável que permite escapar provisoriamente à morte. ” Sem o medo nenhuma espécie teria sobrevivido”. Mas sew ultrapassa uma dose suportável, ele se torna patológico e cria bloqueios. Pode-se morrer de medo, ou ao menos ficar paralisado por ele. […]
Conhecer os mistérios do cérebro e como eles interferem no nosso bem-estar ainda é um desafio para a ciência. A anatomia das regiões cerebrais dos indivíduos que são acometidos de fobias e as reações químicas e biológicas que sofrem ainda estão sem respostas conclusivas.
Houve avanços científicos dos últimos anos tentando explicar o funcionamento do cérebro humano para as emoções, porém, pouco se sabe sobre a origem do medo excessivo que é tido como um dos fatores que desencadeiam os transtornos de ansiedade.
A fobia através dos tempos
As tentativas da medicina em explicar a fobia vêm de muito tempo.
Podemos citar dois momentos:
- há 2.500 anos, o grego Hipócrates, o “pai da Medicina”, descreveu uma fobia sentida por um homem que se aterrorizava ao escutar uma música de uma flauta, mas somente se a ouvisse à noite;
- no início do século XX, Sigmund Freud (1856-1939) analisou, em 1909, uma fobia de uma criança de quatro anos. O Pequeno Hans, de quatro anos de idade, presenciou uma carruagem puxando uma carga pesada quando estava no parque acompanhado de uma empregada da família. Tal fato, fez com que a criança tivesse medo de sair de casa, com pavor de cavalos (equinofobia) e de cargas pesadas. Para Freud era um medo inconsciente de seu pai e relacionado a sentimentos sexuais por sua mãe.
Minha relação com a fobia
Ainda criança, talvez com meus 6 a 8 anos, fiquei preso no elevador do prédio da família em São Vicente, litoral sul de São Paulo. Foi o meu primeiro contato com um medo que se tornaria fobia. Fiquei anos com receio de andar de elevador sozinho. Curiosamente, não foi uma fobia que tivesse me marcado muito. Em poucos anos, talvez devido à tenra idade, o terror do elevador desapareceu quase por completo. A lembrança daquele dia em que passei minutos preso dentro daquele elevador não significou um obstáculo para a minha vida, pelo menos naquele momento.
A fobia voltando a se instalar em mim
Décadas depois, os medos e as fobias voltaram no início da década de 1980 com os meus primeiros sintomas da SP. Os contatos iniciais com as sensações do pânico foram tão inusitadas e amedrontadoras que o receio de que aparecessem em lugares públicos e abertos aumentaram. Isso logo tornou-se agorafobia, que me acompanhou por quase dez anos.
Tudo relacionado à ansiedade (ver diagrama acima), tanto a manifestação quanto o tratamento e superação desses aborrecimentos, ocorre de maneira progressiva. Em todas as fases (ansiedade, medo, fobia, depressão, SP), a identificação das alterações corpóreas e emocionais por parte do indivíduo é aos poucos. Isso sem contar que a própria pessoa se sente inábil, assustada e sem saber ao certo o que tem, o que prejudica e muito o início de um tratamento eficaz.
Com a agorafobia instalada em mim, percebi que evitava lugares fechados. Criava roteiros cinematográficos para que desviasse de determinados caminhos. Se caso fosse ao cinema ou ao teatro, certificava-me em sentar num lugar próximo à saída.
Ao mesmo tempo, o incômodo extremo das sensações da SP desenvolveu em mim a fobia em ficar sozinho (monofobia).
Resumindo, estava com duas fobias a serem enfrentadas. As duas em questão estavam diretamente ligadas à SP.
O tempo, a persistência e a paciência: os melhores aliados no tratamento
Qualquer manual de tratamento de fobia preconiza – conjuntamente ao apoio medicamentoso e de terapia – a exposição cuidadosa e monitorada ao objeto ou à situação que proporciona o pavor.
O medicamento sendo efetivo no tratamento da ansiedade, resta ao indivíduo ser persistente em suas tentativas no enfrentamento do agente que lhe causa o medo. O processo é lento, pois o cérebro encontra resistência ao tratamento, uma vez que está poluído de imagens fóbicas e os sinais de alertas do “perigo” estão todos no vermelho. Entretanto, é necessário que se exponha ao “perigo” com cuidado, aos poucos, e, se possível, com supervisão profissional (o ideal!).
No meu caso, como a essência das fobias estava nas sensações oriundas da SP. Esperei pela melhora significativa do tratamento. Finalmente, as crises ficaram cada vez mais espaçadas e as sensações num nível bem mais brandas. A partir de então, o pontapé inicial foi dado para a superação das fobias.
Em todos os casos de ansiedade, um fator importante que todas as pessoas envolvidas no processo terapêutico devem levar em conta é o TEMPO. Sim, o tempo! O tratamento periférico, tanto terapias quanto medicamentos, visa melhorar os índices aceitáveis de ansiedade. O TEMPO, com muito trabalho pessoal e paciência, é o responsável em realmente propiciar uma real melhora com a gradual exposição às situações de fobia.
O que acontece com você
Tomarei como exemplo as minhas idas ao cinema. Para ajudar no tratamento, ao entrar na sala do cinema, logo procurava lugares mais distantes da saída. Essa escolha era para que o cérebro “se acostumasse” com a ideia do distanciamento.
As primeiras vezes, sentado na poltrona escolhida, verificou-se uma fagulha em meu cérebro, espécie de “queimação”.
Para um marinheiro de primeira viagem, essa exposição é marcante. O estar sozinho faz com que a insegurança esteja num ponto elevado. É um teste definitivo se as dosagens dos ansiolíticos estão ideais. A fagulha (queimação) que se dá no cérebro, uma espécie de curto-circuito anunciando a fobia, é muito assustadora. Nas primeiras vezes em que acontece, sem dúvida, abala o indivíduo.
A sensação de desespero que se alastra após essa fagulha é indescritível. Somando a isso, a frustração do “fracasso” desses incômodos corpóreos foi o suficiente para que abandonasse a sala imediatamente e corresse para um lugar que eu (ou a minha cabeça) julgasse seguro.
O que não deve ser feito após uma tentativa fracassada de exposição ao objeto/situação que causa fobia é ficar recluso, desistir das tentativas. Tal atitude, além de tardar a terapêutica, com certeza a depressão se instalará no indivíduo, tornando-se mais um problema a ser enfrentado.
Paciência para ajudar
A melhora do quadro se dá a partir do momento em que diminuem e até cessam as “fagulhas” no cérebro e, também, o quadro de ansiedade apresenta-se estável.
Não podemos nos esquecer da PACIÊNCIA, item muito importante para que se consiga esse quadro animador. Não é da noite para o dia que a fragilidade diante de uma situação ou de um objeto que cause fobia se resolva. A paciência nas tentativas e nas exposições contínuas é fator de suma importância para a reabilitação. Trata-se de um processo que pode durar mais de ano.
Foi assim comigo!
A agorafobia deixou-me durante um bom tempo sem sair de casa. Quando houve progresso nos bloqueios das crises e, consequentemente, das sensações, fui aos poucos me atrevendo a sair de casa. Esse “aos poucos”, para ter ideia, significou mais ou menos UM ANO! Foi um tempo considerável para que eu conseguisse dar uma volta no quarteirão de casa com tranquilidade, sem querer voltar no meio do caminho e sem estresse.
Como evitar o inevitável
Sempre escuto as pessoas comentarem a questão da cura para os diversos transtornos da ansiedade. Contestam informações a respeito do tratamento disponível pela ciência, mas se empolgam por uma suposta cura.
A verdade é que, igualmente a doenças cardíacas e a hipertensão, os transtornos da ansiedade têm tratamento de controle, com medicamentos e terapia. A ideia de cura propriamente dita ainda é questionável.
É importante que os indivíduos portadores desses transtornos entendam bem o que têm e sejam objetivos ao tratá-los.
Esta postagem tem a intenção de ajudar nesse entendimento. O texto procurou se diferenciar dos demais vinculados ao tema em dois aspectos:
- o fato de há anos o autor conviver e tratar os transtornos de ansiedade diagnosticados;
- abordar o assunto de maneira objetiva, dizer o que é o problema – dentro de uma realidade conhecida – e o que pode ou não se tornar grave.
No caso da fobia, acredito (por experiência própria) que a pessoa que a desenvolve, com ela estará pelo resto da vida. Explico. Mesmo com a fobia sob controle, num indivíduo vulnerável, a lembrança das sensações fóbicas permanece na mente, faz parte de sua vida.
A vida com a fobia
É normal que o indivíduo vulnerável tente evitar imagens que remetam à fobia, como cenas de filmes que passam dentro de um elevador parado. E ainda pode voltar ao estágio fóbico se passar novamente por uma experiência desagradável diante de uma situação ou de um objeto que lhe dê pavor. Digamos que o seu organismo é predisposto a fobias.
Nestes anos em que me vi livre de minhas duas fobias, não consegui escapar das lembranças que as situações me proporcionaram. Mesmo que tais memórias viessem em breves flashes, e eu permanecesse sem sintomas fóbicos, elas eram suficientes para que eu me lembrasse de minha realidade.
Já li e pesquisei bastante sobre o assunto; infelizmente, não encontrei na literatura dados que explicassem a razão de tais transtornos.
A fobia é o transtorno de ansiedade em que o indivíduo mais se expõe. As reações diante de uma crise fóbica são das mais diversas. Desde um grito desesperador a atitudes mais agressivas. Os instantes de desatino ganham logo os de lucidez e, imediatamente, a vergonha veste inteiramente a pessoa.
Há alguns anos, problemas particulares me abateram e não sabia até onde tinham me afetado.
Estava num ônibus e, de repente, me vi aflito procurando pelas portas de saída do veículo. Ao mesmo tempo, certificava-me se as janelas estavam abertas. Senti, depois de muitos anos de esquecimento, a fagulha no cérebro, o que me assustou e desencadeou os transtornos em cadeia. Resultado: desci no primeiro ponto.
Na avenida movimentada, um pouco confuso com o fato, primeiro quis me certificar onde estava. Vislumbrei uma padaria na esquina. Entrei e pedi um expresso. Fiquei refletindo a respeito, um pouco mais calmo.
Como foi dito anteriormente, organismo que captou uma vez fobia, torna-se vulnerável. Sempre há memórias para lembrar você do fato.
Qual a saída?
E como enfrentar a fobia e vencê-la? Derrotá-la por completo, fazê-la desaparecer de suas lembranças?
Não tenho certeza de como realizar tal proeza, mas sei como lidar com ela.
Primeiramente, espero que o leitor tenha compreendido a fobia como um medo limitador, que afeta o dia a dia da pessoa.
Pois bem, eis aqui algumas atitudes que devem ser tomadas:
- encarar a situação ou o objeto que causa o medo extremado pelo menos três vezes por semana;
- reconhecer e não se assustar com os “avisos” que o cérebro emitir (as fagulhas);
- recebidas essas mensagens, iniciar de imediato a ação de inspirar e expirar o ar vagarosamente e concentrado;
- seguir à risca o tratamento medicamentoso em relação à ansiedade;
- ter em mente que está sozinho neste barco. Não se importar de maneira alguma com o que os outros vão pensar. Isso é primordial para o tratamento.
A pessoa, não seguindo essas dicas de comportamento diante da fobia, torna-se eternamente vulnerável a ela, facilitando a permanência do transtorno. E sabemos que isso pode ser desastroso para a sua vida pessoal, profissional e para a saúde física e mental.