Por Luiz Domingues
Entre tantas atrocidades perpetradas pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, existe a denúncia por conta das pilhagens e demais crimes de natureza civil e nada a ver com a conduta ética de guerra, assegurada por tratados internacionais.
Nesse cenário permeado por abusos, aliás múltiplos em crimes comuns perpetrados ao se aproveitarem da situação caótica que toda guerra gera por conseguinte, muito se falou do roubo de obras de arte e foi nesse contexto que se situou o filme: “The Train”, lançado em 1964.
A trama gira em torno dos momentos finais da ocupação imposta pelos nazistas na França, entretanto em seus momentos finais, no ano de 1944, quando já a antever a derrota, se iniciou um recuo.
Nesse contexto histórico, é sabido que de fato, muitos comboios com trens foram usados para a retirada de tropas, armas e munição, mas sabe-se igualmente, que havia muito material roubado em meio à carga retirada das suas bases de ocupação, a caracterizar um crime de guerra.
Na ficção, a curadora do museu “Jeu de Paume” faz o alerta do roubo ao entrar em contato rapidamente com a resistência francesa (quem mais poderia auxiliar em uma situação de estado de sítio imposto por uma nação inimiga?), e esta organização clandestina passa a elaborar diversas ações de sabotagem, ao visar retardar ao máximo essa partida do trem.
Nesse momento, entra em cena a figura do chefe de estação ferroviária, Paul Labiche, protagonizado pelo grande astro, Burt Lancaster. Em princípio, esse personagem é um ferroviário rude e um pouco alheio à questão da guerra em si, no entanto, ele logo se inflama em favor da causa, ao testemunhar o fato de que o seu colega, o maquinista, Papa Boule (Michel Simon), fora executado brutalmente pelos soldados nazistas, após ser flagrado em um ato de sabotagem.
Esta obra cinematográfica, segundo consta em sua história de produção, deveria ter sido conduzida por Arthur Penn, mas por conta de certos desentendimentos com os produtores, promoveu-se uma ruptura inevitável, após duas semanas com os trabalhos das filmagens em curso, apenas.
Dessa forma, John Frankenheimer assumiu a direção. O nome de Arthur Penn é creditado como codiretor, mas o trabalho maior foi mesmo de John Frankenheimer.
O fato de Burt Lancaster ter sido muito famoso como ator, também por seus atributos acrobáticos, o ajudou certamente a compor o personagem, que foi concebido no roteiro para ser retratado ao se pendurar literalmente na locomotiva, nos vagões e a protagonizar cenas de alta periculosidade não apenas nesse sentido da ambientação insalubre por natureza, mas sobretudo pelo jogo de caça que estabeleceu com os criminosos nazistas em meio às composições do bólido férreo.
Ainda no elenco, ótimos atores e atrizes a serem mencionados: Jeanne Moreau, Suzanne Flon, Wolfgang Preiss, Albert Rémy, entre outros.
Como um fã declarado do diretor John Frankenheimer que eu sou, gosto muito desse filme e o recomendo, naturalmente.