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A chuva e a arquitetura - poema

A chuva e a arquitetura

Chuva. Água verticalmente ativa
Ativa ira personalizada
in
Na via expressa, onde sobem os monomotores,
Uma massa tímida de hagadoisó
Canta voraz.

Vorazmente seus gorjeios
São retratados pelo meio fio.
O eucalipto, antes nativo,
Agora pós-industrializado abrigo,
Fincado na pedra, acolhe
Os corações aflitos.

A chuva se dilui.
Respinga pelas valas do chapéu,
Aba de guarda-chuva a resguardar…
Partida em duas pontas,
O sentido se esvai na bifurcação.
Uma leva a um escopo,
A outra, à uma errônea fração.

A dúvida final estriptiza refletores
Que iluminam a piscina,
Cova derradeira da chuva.

A arquitetura apenas observa.
Observa com lentes de aumento.
A heroica arquitetura observa.

Arquitetura moderna, arquitetura não-volkswagem
Arquétipo de incongruências,
Cimento mal-rebocado
Desapego de secos ossos
Descalcificados, separados, divorciados.
Os faróis, rubi precioso: semáforo,
Apontam tilintando, alertando as  bocas-de-lobo.
Os olhos das luzes estigmatizam miopia.
Pare! Pare! Chamem as luzes óticas.
Que sejam sustentadas em haste de tartaruga bem grossa.
O importante é que a arquitetura sinta a chuva.

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