Autoria: Roberto Issa Jr
Nascida em 26 de abril de 1886, Gertrude Malissa Pridgett começou sua carreira artística com 14 anos, em um show de talentos na Georgia. Dotada de uma voz que chamava a atenção, logo foi convidada a cantar em corais de igreja e em menestréis negros.
Em 1900, conheceu Will Rainey, cantor de Blues que se apresentava em pequenos clubes, com quem acabou se casando no ano seguinte. Com um marido “blueseiro” e com sua voz potente, veio então o inevitável: tornou-se cantora de Blues.
O casal conheceu em 1904 o empresário artístico Pat Chapelle, proprietário de um show de variedades de nome ‘Menestrel do Pé de Coelho’, que esteve na ativa por quase 50 anos, excursionando pelo sul da América, tendo em sua formação, durante esse período, nomes como Bessie Smith e Charles Neville, que depois se tornariam grandes nomes do blues.
As primeiras gravações
Pat Chapelle identificou de imediato o talento da dupla, incluindo-a em sua trupe. Os Rainey deixaram o Menestrel em 1913 e, no ano seguinte, começaram a se apresentar como Rainey & Rainey — Assassinators of the Blues. E conforme a popularidade do blues ia aumentando, ela se tornava cada vez mais conhecida. Até que, ao se apresentar em Nova Orleans, ela conheceu Louis Armstrong.
Por volta de 1923, Ma Rainey foi descoberta por James Mayo Williams, produtor de uma gravadora que, na época, era uma gigante da indústria discográfica, a Paramount. Logo depois de assinar seu primeiro contrato, em dezembro do mesmo ano, fez suas primeiras gravações, entre elas, duas que a ajudaram a alavancar de vez sua carreira: Bad Luck Blues e Moonshine Blues, além de Lucky Rock Blues (1924), Louisiana Hoo Doo Blues (1925) e Mountain Jack Blues (1926), músicas que a colocaram num patamar acima da média, influenciando Bassie Smith anos mais tarde.
Gravou mais de 100 músicas, o que lhe rendeu da gravadora o apelido ao qual é conhecida até hoje: Mother of Blues.
Mas entre esses anos, em 1924, aconteceu o que era imaginável. Foi convidada por Louis Armstrong (de quem falarei aqui ainda, aguardem) para participar de algumas gravações com ele, entre elas: See See Rider, Jelly Bean Blues e Counting The Blues.

Nesse mesmo ano, cantou na banda Wildcats Jazz Band, fazendo uma turnê pela cidade de Chicago, que se expandiu por várias outras cidades, durando até 1928,
Ao final de 1928, a banda acabou, mas o pianista da banda, Thomas Dorsey, e Ma Rainey continuaram a parceria, gravando juntos mais 20 músicas.
Em 1929, a Paramount então decidiu rescindir seu contrato, com a “desculpa” de que o estilo de Blues que Ma Rainey não era mais uma moda. Mas Ma Rainey tinha ganho muito dinheiro até então, e conseguiu comprar seu próprio ônibus, excursionando por conta própria com alguns músicos de apoio por mais 4 anos.
Em 1933, Ma Rainey decide então encerrar sua carreira, voltando para a sua cidade natal na Georgia, onde dirigiu os teatros Lyric, Airdrome, e Liberty.
Ma Rainey faleceu em 22 de dezembro de 1939, vítima de um ataque cardíaco fulminante. Ou seja, recentemente completou 80 anos de sua morte. Por isso, mais do que justa essa homenagem aqui neste post.
Mas, para quem acha que já acabou, ainda tem mais. Um “mais” muito importante: ela foi citada por Bob Dylan na música Tombstone Blues (Blues da Lápide), encontrada no disco ‘Highway 61 Revisited’, de 1965. E convenhamos aqui, uma homenagem de Bob Dylan não é pra qualquer um!
Obrigado pela leitura e aguardem a minha próxima postagem!