A criação do fonógrafo pelo cientista norte-americano Thomas Edison, em 1877, aparelho destinado a gravar e a reproduzir sons por meio de um cilindro de cera, deu início a uma revolução na maneira de escutar música. E mais: proporcionou o surgimento de uma indústria de entretenimento poderosa.

A arte musical era apreciada, até então, em teatros ou em residências de benevolentes aristocratas que cediam suas amplas salas de estar para concertos ou espetáculo musical popular. Com a novidade do fonógrafo, os amantes da música viram a oportunidade de terem maior acesso a ela.
Essa invenção empolgou tanto que gerou outras pesquisas científicas na área da captação e propagação do som e aumentou as expectativas da população em geral ávidas de novidades na área.
A partir dos séculos XIX e XX, como resultado desse ânimo, verificou-se, digamos, o “desenvolvimento” do primitivo fonógrafo, nas formas do gramofone, a seguir da vitrola e do Hi-Fi, e o disco de cera transformou-se em vinil e no compact-disc. Toda essa inovação na relação indivíduo-música culminou na formação e na atuação de inúmeras empresas voltadas à arte musical, entre elas as rádios e as gravadorasdediscos.
As primeiras gravadoras de discos, entre elas a RCA e a Columbia Graphophone, instalaram-se nos Estados Unidos e progrediram rapidamente. O primeiro passo dado nessa direção foi a gravação do blues Crazy Blues, em 1922, por Mamie Smith, que obteve sucesso significativo e repercussão nacional.
Nessa época, entre 1920 e 1930, a indústria da música se consolida. Os empresários das recentes gravadoras encontram nessa nova indústria promissora um caminho certo para os seus investimentos e a certeza, devido à presença certa de um público consumidor, de um rendimento positivo.
O Pop e o Rock dominando esta nova indústria
Hoje, passados quase cem da gravação de Mamie Smith, testemunhamos a subida vertiginosa dos ganhos da indústria fonográfica, posição e realidade que manteve até o início dos anos 2000, época que o ato de se escutar e também de produzir música sofreu outra forte mudança (comentaremos a respeito desse fato logo a seguir).
A música popular, mais precisamente o Pop/Rock, foi a que obteve a maior atenção das gravadoras e dos meios de comunicação. Os valores arrecadados com algumas canções neste quase um século de entretenimento musical são inimagináveis naquela época da formação das gravadoras.
Para falarmos a respeito das mais conhecidas e rentáveis de todos os tempos, precisamos levar em conta a época em que essas músicas foram concebidas e através de quais meios de comunicação foram divulgadas. E é bom lembrar que, muitas das músicas abaixo listadas, não tiveram a oportunidade de usufruir do apoio da internet.
Eis algumas delas:
Happy Birthday (50 milhões de dólares). Música composta em 1893, por duas professoras norte-americanas. Este “hit”, presente em qualquer reunião comemorativa de aniversário, recebeu versão em português, em 1942, de Bertha Celeste.
You’ve Lost that Lovin’ Feelin (32 milhões de dólares). Berry e Cynthia Weil compuseram esta música em 1964. Tornou-se sucesso, primeiramente, com a gravação de The Righteous Brothers, de 1965, e depois na voz de Elvis Prasley em 1970. Há artigos afirmando que é a canção mais executada na história do rádio.
Yesterday (30 milhões de dólares). Como é sabido, esta canção é de Paul McCartney, apesar dos créditos constarem “Lennon &MacCartney”. Faz parte do album Help! dos The Beatles, de 1965. É a segunda canção mais tocada no rádio em todos os tempos.
Stand by me (27 milhões de dólares). Composição de Ben E.King, Jerry Leiber e Mike Stooler, de 1961, alcançou os primeiros postos nas paradas logo que foi lançado na voz de Ben E. King. Em 1975, John Lennon regravou-a, obtendo também um sucesso marcante. A música voltou ao topo novamente ao participar da trilha sonora do filme “Stand by me”, em 1985.
Every Breath You Take (20,5 milhões de dólares). Canção composta por Sting, pertencente ao álbum da banda The Police, de 1986. Permaneceu em primeiro lugar na lista da revista Billboard por oito semanas, e também ficou em 25º lugar como umas das cem melhores canções de todos os tempos.
Em meados da década de 1960, artistas e gravadoras passam a realizar discos com dez músicas, o famoso Lp. Algumas canções fizeram muito sucesso alavancadas por esse “projeto artístico” que norteou a indústria da música até recentemente. Desse álbum, escolhia-se uma faixa (que a chamavam “faixa de trabalho”) a ser veiculada nos meios de comunicação. E quase sempre obtiveram êxito.

Na lista dos discos mais vendidos, podemos elencar:
Their Greatest Hits 1971/1975 – Eagles (1976) – Esta coletânea do grupo californiano Eagles é atualmente o disco mais vendido, num total de 38 milhões de cópias.
Thriller – Michael Jackson (1982) – Álbum emblemático para a história do Pop, este disco vendeu mais de 33 milhões de cópias. Destaque para os hits ‘Thriller’, ‘Beat it’ e ‘Billie Jean’.
Hotel California – Eagles (1976) – O disco vendeu mais de 26 milhões de cópias. Destaque para a música Hotel California;
Greatest Hits vol. 1 & 2 – Billie Joel (1985). Esta coletânea vendeu 23 milhões de cópias. Destaque para ‘Piano Man’ e ‘Uptown Girl’.
IV – Led Zeppelin (1971) – O quarto disco da banda inglesa vendeu pelo menos 23 milhões de cópias. Destaque para ‘Stairway to Heaven’.
The Wall – Pink Floyd (1979) – Este álbum duplo da banda vendeu 22 milhões de cópias. Destaque para ‘Another Brick in the Wall’.
Back In Black – AC/DC (1980) – O disco da banda australiana vendeu 22 milhões de cópias. Destaque para: ‘Back In Black’ e ‘Hells Bells’.
Rumour – Fleetwood Mac (1977) – O disco vendeu mais de 20 milhões de cópias. Destaque para: ‘Dreams’ e ‘Don’t Stop’.
The Beatles – White Album (1968) – Este álbum duplo dos Fab Four vendeu mais de 19 milhões de cópias. Destaque para: ‘Dear Prudence’; ‘While my Guitar Gentle Weeps’ e ‘Hellter Skelter’.
The Beatles – 1967-1970 – Esta coletânea, também chamada de “Álbum Azul”, vendeu cerca de 17 milhões de cópias.
Outros ouvidos, outros sucessos
Quem pensa que apenas as canções mais conhecidas do mundo são do gênero pop ou rock, engana-se.
A música erudita, desde a possibilidade da reprodução em série do disco e sua consequente entrada no mundo fonográfico, sempre teve um mercado consumidor fiel.
No início dos anos 1980, quando a consolidada forma de disco de vinil começa a concorrer com o compact disc, foi justamente as obras eruditas que ganharam as primeiras gravações nessa nova mídia.

Assim, deu-se maior divulgação à música de concerto europeia. Obras clássicas, que já eram conhecidas do público apreciador do gênero, conquistaram mais fãs.
Eis aqui algumas verdadeiras obras-primas da música que fazem parte da lista seleta de canções mais conhecidas do mundo: Quinta Sinfonia – Beethoven (escrita entre 1804 e 1808); 1822 Overture – Tchaikovsky(escrita em 1880); Eine Kleine Nachtmukk – Mozart (escrita em 1787); Toccata and Fugue – Bach (escrita entre 1703 e 1707); Willian Tell Overture – Rossini (escrita entre 1824 e 1829); Blue Danubio – Strauss(escrita em 1867); Halleluah Chorus – Handell (escrita em 1741 ); El Toreador – Bizet (escrita em 1875); Bolero – Ravel (escrita em 1928).
A música brasileira e o jazz, embora com números mais tímidos na questão de vendagem e de obras conhecidas, também merecem serem lembrados: Garota de Ipanema, de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Morais, ícone da Bossa Nova, é a música brasileira mais conhecida no mundo. No jazz entre os discos mais vendidos estão: Kind of Blue (1959), de Miles Davis; A Love Supreme (1965), de John Coltrane; Time Out (1969), de The Dave Brubeck Quartet; Head Hunters (1973), de Herbie Hancock; Getz/Gilberto (1964), de João Gilberto & Stan Getz; Saxophone Colossus (1956), de Sonny Rollins Quartet; Concert By the Sea (1955), de Erroll Garner.
Os índices de vendas hoje são assombrosos. Por exemplo, o músico norte-americano Post Malone vendeu mais de 1,7 milhão de unidades do seu disco Beerbongs & Bentleyseu, em 2018, com alguns meses disponível no mercado.