
Gorilismo
Urra pra um! Urra pra dois!
Urras gerais: pro vizinho, pro próximo, pra moça, pros santos.
Seguro no galho… seguro nos galhos. Tende a cair dos galhos! Galhofas!
A banana mata a fome. Coitado dos humanos. Pobres humanos!
A banana mata. Sua amarelada inadvertência verte-se em tombo.
Produto final: primeiro, fratura; segundo, ruptura;
finaliza em King Kong.
O homem no karaokê, como bobo, tenta aclamar sua realeza.
O macaco, no palco, canta a mais bela das óperas,
Sem saber solfejar uma única nota.

O rato
O rato! O rato. A cada passo um escarro! Sucos de bueiro num poço escasso.
Dentro, ratos! O rato, raios! O rato exato rói o escarro mumificado em ossos.
Tutifruti em chiclé de barro, liquidificando o bueiro…
As sombras do escuro rato.
O rabo do rato exato chacoalha o chantili e o barro.
O rato! Raios, o rato!
A rala camiseta do exato rato esconde a tatuagem de escarros
Que edificam o barro em tijolo, o tolo escuro rato.
Os olhinhos do rato rodam…
O rato todo se borra, com lamacentos barros no bueiro ralo.
Ratos me mordam! Raios!
Passeiam, acenando-me…
Arrotando passos, escorregando por um ralo.
Os poemas Gorilismo e O rato fazem parte do livro Cordões de Celofane.