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Foto: Perfecto Capucine/Pexels

Livro digital: alternativa de leitura

O livro digital abrindo portas…

Em meados da década de 1970, surgia um movimento literário independente, conhecido como Poesia Marginal, que chamou a atenção dos amantes da literatura e, mais precisamente, dos versos.

Os livros artesanais eram feitos em mimeógrafos, e suas folhas, grampeadas. Os autores divulgavam seus trabalhos vendendo exemplares em bares e em shows. Tratava-se de uma luta insana para que o escritor/poeta conseguisse divulgar seus versos.

Hoje, o mercado editorial está propício para que escritores iniciantes ou não se aventurem em edições independentes, como nos anos 1970, agora sob o nome de autopublicação.

Ana Cristina Cesar

Ana Cristina Cesar (1952-1983) é considerada uma das maiores representantes do movimento literário da década de 1970 conhecido por Poesia Marginal. Foi professora, crítica literária e poetisa. Sua importância na literatura brasileira foi reconhecida, ao ser homenageada em 2016 na Festa Literária Internacional de Paraty. Suas principais obras são: A teus pés (1982) e Poética (2015).

E nessa empreitada do “fazer sozinho e divulgar seu nome no mundo das letras”, o livro digital é um forte aliado.

Se para o livro impresso existe hoje a opção da impressão por demanda (do inglês Print On Demand — POD —, é a impressão de cópias determinada pelo cliente; o sistema gráfico aceita a impressão de 10 ou 30 exemplares, por exemplo), o livro digital permite ao autor produzir, em diferentes plataformas, o seu próprio material, texto, capa, diagramação e ainda disponibilizar o produto nas redes.

Assim como o universo da música mudou, desde a gravação até a sua audição, o livro também apresenta inovações. O e-book pode ser lido em smartphone, iPad ou notebook, só para citar uma novidade. Mas o fraco movimento do mercado digital de que tanto as editoras e livreiros lamentam, talvez não seja, assim, tão verdadeiro. Francamente, vejo o mundo editorial bem antenado quanto à real situação do livro digital.

Cordões de Celofane

Cordões de celofane é um livro de poemas lançado em 2017 pela editora Autografia que agora disponibilizo em e-book na Amazon. Publiquei pela plataforma Kindle Direct Publishing (KDP). Criei a capa e a formatação do texto digitalizado.

Citarei um fato interessante que corrobora minha afirmação.

Passeando por grandes livrarias da capital paulista, notei algo curioso: o número de clássicos da literatura nacional e mundial de domínio público sendo relançados e expostos, apresentando uma edição supercaprichada, com textos explicativos e capa dura.

Como todos sabem, a obra que entra em domínio público está totalmente livre de direitos e pode ser usada sem restrições. Portanto, quem quiser, pode editar e publicar uma obra que esteja nesses parâmetros.

[…] Uma vez que, como já foi mencionado anteriormente, clássicos da literatura em domínio público qualquer pessoa pode baixá-los ou até mesmo publicá-los, as editoras tiveram uma boa ideia ao oferecer ao público leitor a oportunidade de ter à mão grandes obras com diferencial de qualidade, apresentando uma produção editorial esmerada,  texto integral com notas explicativas e ilustrações.

A seguir, alguns exemplos dessa “boa ideia”.

O cortiço, de Aluísio Azevedo, publicado em 1890, é um clássico do período naturalista da nossa literatura. A editora Panda Books lançou uma edição diferenciada da obra. Além do texto original, são apresentadas notas explicativas referentes ao vocabulário e aos cenários do Rio de Janeiro citados na história.

 


Todos os romances e contos consagrados de Machado de Assis, é um lançamento da Nova Fronteira, em capa dura, que contém, em três volumes, todos os romances e alguns contos do escritor ícone do Realismo. São mais de 1.200 páginas de pura arte literária.

 


Drácula, de Bram Stoker, um romance gótico, lançado em 1897, ganhou edição mais do que especial da editora Darkside Books. O livro, com capa dura, apresenta 580 páginas com uma primorosa diagramação. Além do texto original, a obra apresenta textos introdutórios e explicativos e ainda magníficas imagens do ilustrador Samuel Casal.


Lidar com o diferente, com a novidade, sempre causa desconforto e no caso do contato com o texto digital não poderia ser diferente.

Entretanto, não se leva em conta o que de melhor esse “novo texto” pode proporcionar: mais um meio para a leitura! O livro eletrônico é uma ferramenta poderosa aliada à cultura e, particularmente, à leitura, e não um adversário do livro de “papel”, que precisa ser derrotado.

Uma nova questão agora surge: o leitor do livro de papel, de e-book, estará receptivo ao audiolivro?

Este post tem um comentário

  1. Marcos Puntel

    só 1 dos fatores positivos: a leitura em qualquer lugar. Fila do ônibus, metrô e em lugares escuros.

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