Por Luiz Domingues
Martin Scorsese dispensa maiores apresentações como diretor de cinema consagrado que é. Influência óbvia para qualquer cinéfilo, ele possui uma carreira prolífica a arregimentar diversos filmes no panteão dos clássicos, além de uma série de documentários e trabalhos dirigidos para a TV, paralelamente. Contudo, gostaria de enfocar mais especificamente os trabalhos dele relacionados à música e ao Rock em específico.
O primeiro grande trabalho de Scorsese nesse sentido foi em 1978 com “The Last Waltz”. Um documentário com requinte de longa-metragem. Feito com um apuro muito grande, emociona não só aos fãs da lendária “The Band”, como qualquer Rocker que se preze.
Ao cobrir o show de despedida dessa histórica banda, no mítico teatro Winterland Balroom, em San Francisco, Califórnia, realizado no ano de 1976, Scorsese imprimiu um roteiro sob pura emoção, ao ir além da energia e comoção geradas no palco pela banda e por seus convidados super especiais.
O cineasta intercalou, portanto, diversos depoimentos informais proferidos pelos membros da The Band, a narrarem casos pitorescos da sua carreira e ainda acrescentou duas cenas gravadas à parte, na qual The Band toca o seu hit, “The Weight”, acompanhado da musa folk, Emmylou Harris, e com o reforço de um coral de backing vocals, sensacional. Além de uma valsa (“The Last Waltz” ao fazer jus ao título do documentário), sob uma atmosfera idílica, lindíssima.
No show, além dos clássicos do repertório da banda, vislumbra-se uma plêiade formada por artistas convidados, tais como: Bob Dylan, Muddy Waters, Eric Clapton, Ringo Starr, Van Morrison, Dr. John, Ronnie Hawkins, Emmylou Harris, Joni Mitchell, Neil Young, Neil Diamond, Paul Butterfield e o então recém “novo guitarrista dos Rolling Stones”, o ex-The Faces, Ronnie Wood.
Eu assisti a tal documentário pela primeira vez no extinto cine Bijou, na Praça Roosevelt, centro de São Paulo, logo que entrou em exibição no ano de 1978. Saudade daquele cinema, que se revelara como um fortíssimo reduto frequentado por Hippies, Freaks, Rockers e cinéfilos em geral, onde a programação de filmes e documentários sob cunho contracultural foi marcante.
Outro trabalho muito bom da parte desse grande cineasta foi a série de documentários que produziu a enfocar o Blues como tema, com um título categórico, para não deixar dúvidas: “The Blues”, em 2003. Distribuído em oito episódios com cerca de noventa minutos para cada documentário, ele distribuiu a batuta para vários diretores diferentes e dirigiu o primeiro, intitulado: “Feel I Like Going Home”.
Nesse episódio, Scorsese percorre um longo caminho ao lado do músico, Corey Harris, ao irem do Delta do Mississippi até o rio Niger, em Mali, África, para tentar entender de onde viera a mais remota raiz do Blues. Simplesmente espetacular.
Nos outros episódios, Scorsese ficou a cargo da produção geral e designou grandes diretores do calibre de: Win Wenders, Richard Pearce, Charles Burnett, Mark Levin, Mike Figgis e Clint Eastwood. No episódio dirigido por Clint Eastwood, as cenas com Ray Charles, um pouco antes desse genial músico falecer, emocionam.
Em 2005, outro projeto ambicioso de Scorsese: “No Direction Home”, trata-se de um espetacular documentário a enfocar o início da carreira de Bob Dylan, o seu impacto inicial como artista folk no início dos anos 1960, com muitos depoimentos, imagens e fotos raras etc.
Diferente de “Don’t Look Back” (documentário de 1967, realizado pelo diretor D. A. Pennebaker, que enfocou bastidores de um show de Dylan em Londres, no ano de 1965), “No Direction Home” é um adendo à obra de Pennebaker, super cultuada pelos fãs de Bob Dylan e Rockers em geral que admiram Pennebaker por seus documentários clássicos do Rock sessenta & setentista.
E, finalmente, chegamos a “Shine a Light”, belíssimo documentário a enfocar dois shows dos Rolling Stones realizados no Teatro Beacon de New York, no ano de 2006.
Com fotografia esplêndida, Scorsese caprichou nas tomadas da performance de “suas majestades satânicas” e não carregou em depoimentos, praxe do documentarismo musical, tradicional.
A sua avant-première foi no Festival de Berlim, em 2008.
Em 2011, Scorsese realizou o documentário “Living in the Material World: George Harrison”, que contou com a consultoria da viúva de Harrison, Olívia Harrison.
Como devem saber, “Living in the Material World” é nome de uma linda canção pertencente ao álbum homônimo de George Harrison, na sua carreira solo e lançado em 1973.
Excelente a sua visão geral sobre a produção cinematográfica focada na música da parte do grande diretor, Martin Scorsese. Estimo sucessos contínuos!
Eu que lhe agradeço pela leitura apurada e apoio positivo! Visite sempre este site do meu amigo Paulo Sá, pois vale muito a pena conferir o seu conteúdo!
Grande abraço!
Luiz Domingues