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Por que “Dark“ fascina tanto?

Por Patrícia Fawkes

 

No início deste mês, maio de 2021, a Netflix anunciou o teaser da sua nova série: 1899. Dos mesmos criadores e roteiristas de Dark, Jantje Friese e Baran bo Adar, essa série promete mexer com sua mente, mas vou me ater aqui à brilhante obra principal da dupla: Dark.

O pensamento filosófico e a série “Dark”

   Ah! A filosofia, mãe de todas as ciências, tão ignorada nos últimos tempos, ressurge com força total em meio a onda conservadora jamais vista no planeta desde a Segunda Guerra Mundial. Não é à toa, que é de lá, da Alemanha, país que mais sofreu com o evento, que surge a melhor série da Netflix até hoje, na minha opinião. Por que a melhor? A arte transforma, transgride e, quando nós nos identificamos com os dramas dos personagens, quando o inconsciente vira consciente, seu objetivo foi alcançado!

É curioso observar que, no meio do caos, surge, ao mesmo tempo, um aumento sobre a procura da filosofia (vale lembrar que esse conflito tem explicação filosófica). Num país onde 75% das pessoas não sabe interpretar texto é louvável o aumento da procura por pensadores progressistas, filósofos pop, eu diria; por canais do YouTube atingindo quase meio milhão de inscritos como Nova Acrópole, e, o mais relevante, o assunto pode ser facilmente debatido através da gíria periférica de Audino vilão, youtuber, jovem da periferia que sonha em ser professor de História e tornar a filosofia mais fácil para os iletrados.

A série

Voltando para “Dark”, os roteiristas são da terra de Bert Hellinger (falecido em 09/2019), ex-padre, dedicou sua vida aos fenômenos familiares, o que ele chamou de Constelação Familiar, técnica usada em tribunais no Brasil, com resultados incríveis (O SUS apoia). Os psicólogos ortodoxos se ofendem com a técnica, é bom lembrar que o consciente e o inconsciente dos nossos mestres Freud e Jung  jamais foram comprovados cientificamente.

Bert Hellinger, em toda sua obra, usa claramente os princípios do Estoicismo, linha da filosofia desenvolvida por Marco Aurélio (121 d.c.), Sêneca (65 d.c.) e Epíteto (50 d.c.) que diz, basicamente: não sofra, é tudo um aprendizado para você evoluir.

Exceto a parte do “não sofra” (o que mais tem na série é sofrimento, porém, os personagens vão tomando consciência dos seus atos no decorrer dos eventos), é tudo muito “Dark”, não é mesmo?

Se juntarmos todos os simbolismos da série, desejos de Frankenstein, voltar no tempo, tentar mudar o que não pode ser mudado, daí cairíamos no Hermetismo, matriz (ou matrix?) de todas as linhas filosóficas, mas, daí seria outro textão.

Para mim, os roteiristas beberam de todas essas fontes. Aliás, Bert está ali, à mão, em qualquer biblioteca, num país onde cada cidadão lê, no mínimo, 5 livros por ano, frente ao nosso sofrível 1,5 por ano.

Estamos diante de um novo Renascimento pós-pandemia? A ciência é fundamental e deve ser respeitada e usada para o bem, mas não podemos esquecer que somos muito mais que moléculas ao léu. Einstein dizia: “Deus não joga dados no Universo” e Carl Sagan: “Me prove que ama alguém.”

Enfim,  “Dark” fala de mim, de você, dos nossos antepassados, do que podemos mudar e do que não podemos, da nossa evolução, é para isso que estamos aqui. Termino com minha frase favorita de Sêneca: “Não somos seres humanos tendo uma experiência espiritual, somos espíritos tendo uma experiência humana.” 


Sou Patricia Fawkes, cantora e compositora de indie rock. Filosofia e cinema são grandes paixões para mim.

 

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