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Sex Pistols em show magnífico

Por esses mistérios que só ocorrem no Brasil, no final do ano de 1978 veio parar em minhas mãos o aguardado e festejado álbum dos Sex Pistols, Never mind the bullocks, Here’s the Sex Pistols.

O som e os ideais punks surgidos em Londres ecoaram quase instantaneamente em solo brasileiro. A surpresa foi grande se levarmos em conta que, naquela época, o contato com o que acontecia lá fora era demorado, já que ainda não havia internet. E Never mind… veio mexer com algumas pessoas — entre as quais, me incluo.

Disco seminal do punk rockO ano de seu lançamento em terras da rainha foi 1977, e, no Brasil, já no início do ano seguinte, em algumas rádios de rock paulistanas (uma delas, a Rádio América) já se ouvia  ‘God save the queen’, o grande hit da banda.
Lembro-me bem das caretas que fizeram alguns de meus amigos. Escutávamos muito Gentle Giant, King Crimson, Van der Graaf e sabiam também da minha recente paixão pelo jazz. Perguntavam incrédulos: “Como você ouve essa merda?”. Não respondia. Apenas seguia escutando os Sex Pistols.
Hoje, uma resposta adequada a eles seria: “Ora, é simplesmente rock and roll”. Amo o rock and roll. E eles: “É um rock and roll ainda mais simples!”. Acho engraçado as pessoas dizerem que o rock and roll é simples por apresentar apenas três acordes. Bom, algumas músicas de Miles Davis têm apenas dois acordes!
A banda terminou em 1978, durante uma tresloucada turnê norte-americana, com John Lydon abandonando seus companheiros e anunciando categoricamente o fim dos Sex Pistols.

Com um legado de quatro singles e um LP, os integrantes da banda, a partir daí, seguiram suas vidas: Steve Jones, o guitarrista, por exemplo, trabalhou com Iggy Pop; já Johnny Lydon montou sua bem-sucedida banda Public Image Ltda., ou simplesmente P.I.L.

 

Os Sex Pistols registrados ao vivo!

Em 2008, os quatro se reuniram novamente. Questionado por que juntar novamente os Sex Pistols, Johnny Rotten respondeu curto e grosso: “Pela grana!”.
Capa do dvd do show dos Sex PistolsPela grana ou não, o fato é que podemos assistir a um grande show de rock. O DVD There’ll always be an England tem a direção de Julien Temple, que já trabalhara com os Pistols anteriormente no documentário The great rock and roll swindle, e a produção musical é de Chris Thomas, produtor muito requisitado, conhecido por constantes trabalhos com os Pretenders.
É um evento muito bem filmado. O diretor, às vezes, nos deixa  lado a lado com Johnny Rotten, ou nos coloca diante de Steve Jones e de sua guitarra Gibson Les Paul surrada. Outro componente não menos importante do filme é o público. Ah, o público é uma atração à parte. Já na fila de entrada do teatro podem-se notar personagens sui generis que encontraremos durante o espetáculo. Meninos com cabelos de quatro cores e espetados, um homem com seus 40 anos banguela e com vários piercings enfeitando o rosto, meninas exibindo piercing na língua e batom preto… Simplesmente hilário e divertido!

 

O punk rock dos Sex Pistols 

E a música? Olha, os quatro cinquentões punks estão afiadíssimos, melhores do que nunca. Johnny Rotten continua um dos melhores intérpretes do rock!

Passados mais de trinta anos, muitas músicas registradas pela câmera de Temple tornaram-se verdadeiros clássicos. O show é iniciado com ‘Pretty vacant’ (uma das melhores canções dos Pistols e a primeira que ouvi lá em 1978).

Além de ‘God save the queen’, outras pérolas são ‘No feelings’, ‘Did you no wrong’, ‘No fun’ (cover dos Stooges, de Iggy Pop), ‘Problems’ (repare no lunático da plateia que canta olhando para a câmera… divertimento puro) e encerram o set com ‘EMI’ (a mega gravadora inglesa que se negou a lançar o primeiro disco dos Pistols).

Para os fãs ou para aqueles que só sabem da existência deles pelo youtube ou por leitura, There’ll always be an England é uma mostra ideal e fará você balançar da cabeça aos pés e até sentir vontade de pintar os cabelos e se encher de piercings. E, quem sabe, ainda cantará com eles o refrão de ‘God save the queen’: “No future, no future for you!”.

Será que eles estavam certos ao dizer, há mais de trinta anos, que o mundo não apresentava solução? No future for you? No future for me?!

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